Doença
A
malária ou paludismo, como também é conhecida, é uma doença infecciosa causada
pela picada do mosquito Anopheles fêmea, que causa sintomas como
febre e calafrios, e que deve ser tratada prontamente, pois a forma mais grave
da malária pode levar à morte.Essa doença,
conhecida também pelos nomes impaludismo, febre palustre, maleita e sezão, tem
como vetor fêmeas de alguns mosquitos do gênero Anopheles. Estas, mais
ativas ao entardecer, podem transmitir a doença para indivíduos da nossa
espécie, uma vez que liberam os parasitas no momento da picada, em sua saliva.
Transfusão de sangue sem os devidos critérios de biossegurança, seringas
infectadas e mães grávidas adoecidas são outras formas em que há a
possibilidade de contágio.
No homem, os esporozoítos infectantes se
direcionam até o fígado, dando início a um ciclo que dura,
aproximadamente, seis dias para P. falciparum, oito dias para a P.
vivax e 12 a 15 dias para a P. malariae, reproduzindo-se
assexuadamente até rebentarem as células deste local (no mosquito, a reprodução
destes protozoários é sexuada). Após esses eventos, espalham-se pela corrente
sanguínea e invadem hemácias, até essas terem o mesmo fim, causando
anemia no indivíduo.
serviços especializados, que levará em conta o risco de adquirir malária de
acordo com o estilo de viagem e as destinações previstas, bem como o perfil de
resistência dos parasitas locais às drogas disponíveis. Entre as opções,
encontram-se a cloroquina, mefloquina, doxiciclina, primaquina. azitromicina e
a combinação de atovaquona e proguanil.
Em P. vivax e P. ovale, alguns esporozoítos originam formas dormentes intra-hepáticas conhecidas como hipnozoítos. Meses depois da infecção primária, os hipnozoítos podem reativar-se, resultando nas recaídas tardias típicas da infecção humana por P. vivax e P. ovale.PatogeniaTratamentoO tratamento antimalárico deve ser iniciado uma semana antes da viagem e deve ser mantido durante toda a estadia. O final do tratamento será somente quatro semanas após o regresso. Contudo, é fundamental a consulta de um médico especialista, antes e após a viagem.
Características biológicas dos plasmódios humanos
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P. VIVAX
|
P. MALARIAE
|
P. FALCIPARUM
|
P. OVALE
|
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Período de incubação
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8-27 dias
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15 -30 dias
|
8 -25 dias
|
9- 17 dias
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Presença de hipnozoítos
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Sim
|
Não
|
Não
|
Sim
|
Duração do ciclo
eritrocitário
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48h
|
72h
|
48h
|
48h
|
Número de merozoítos por
esquizonte tecidual
|
10.000
|
2.000
|
40.000
|
15.000
|
Parasitemias (mm3)
|
||||
Média
|
20.000
|
6.000
|
50.000 - 500.000
|
9.000
|
Máxima
|
50.000
|
20.000
|
2.500.000
|
30.000
|
Duração máxima da infecção
não tratada
|
Até 4 anos
|
Até 50 anos
|
Até 2 anos
|
Até 4 anos
|
Em P. vivax e P. ovale, alguns esporozoítos originam formas dormentes intra-hepáticas conhecidas como hipnozoítos. Meses depois da infecção primária, os hipnozoítos podem reativar-se, resultando nas recaídas tardias típicas da infecção humana por P. vivax e P. ovale.PatogeniaTratamentoO tratamento antimalárico deve ser iniciado uma semana antes da viagem e deve ser mantido durante toda a estadia. O final do tratamento será somente quatro semanas após o regresso. Contudo, é fundamental a consulta de um médico especialista, antes e após a viagem.
· Histórico
A malária é uma das principais doenças
infecciosas da atualidade, com 400 milhões de casos anuais. Mais de 85%
desses casos ocorrem nas áreas de savana e floresta equatorial da África ao sul
do Saara, nessa região, quase um milhão de pessoas, principalmente crianças com
menos de 5 anos de idade e gestantes, morrem de malária a cada ano. Quase a
metade da população mundial vive em áreas com transmissão de malária. No
Brasil, as principais áreas endémicas encontram-se na Amazónia Legal.
Entre meados das décadas de 1950 e 1970.
observou-se no Brasil uma drástica redução na incidência de malaria e,
particularmente, na área do território brasileiro com transmissão ativa. Pouco
mais de 50.000 casos de malária foram notificados em 1970, dado que contrasta
com os milhões de casos anuais registrados três décadas antes. Esse sucesso no
controle da malária no Brasil deveu-se ao uso de um inseticida de ação
residual, o diclorodifenil-tricloroetano (DDT). Para o combate dos vetores nos
domicílios humanos, e ao diagnóstico e tratamento das infecções humanas,
geralmente com a cloroquina. Por tratar-se de uma doença sem reservatório
animal, a malária humana tende a extinguir-se com o tratamento maciço dos
individuos portadores da infecção. A partir da década de 1970, no entanto, a
migração maciça de indivíduos atraídos pêlos projetos de colonização agrícola
da Amazónia levou a um sério agravamento do quadro epidemiológico.
Em meados da década de 1980. ainda que a
transmissão de malária no Brasil continuasse virtualmente restrita à Amazónia,
registravam-se mais de 500.000 anuais de malária, com equilíbrio entre P. falciparum e P. vivax. A situação continuou a agravar-se na virada do século:
temos atualmente entre 400.000 e 600.000 casos anuais de malária, dos quais
cerca de 80% devidos a P. vivax.
As medidas de prevenção da malária podem
ser aplicadas em diversos contextos distintos. Existem duas situações mais
comuns: aquela em que se encontra um viajante que permanecerá por um curto
período de tempo em área endémica e aquela de uma comunidade que vive
em uma área de transmissão contínua. Os princípios gerais da profilaxia da
malária nesses dois contextos, o individual e o coletivo. Embora os alvos de
intervenção sejam essencialmente os mesmos (combate ao vetor e ao parasita), a
aplicabilidade de algumas medidas (como o uso de repelentes ou de
quimioprofilaxia) depende da duração prevista para a exposição.
O uso do DDT como inseticida de ação
residual, em ciclos semestrais de borrifação, foi uma das medidas básicas que
permitiram o controle da malária na maior parte do território nacional. No
entanto, esta medida foi abandonada na última década, inicialmente por
dificuldades operacionais e, mais recentemente, pelo banimento do uso do DDT em
saúde pública. Os inseticidas alternativos ao DDT, como os piretróides, são de
alto custo e menor ação residual; têm seu uso geralmente restrito a situações
de epidemia, em que são borrifados seletiva-mente os domicílios de pacientes
com malária recente.
O
uso de quimioprofilaxia não é geralmente indicado para indivíduos que vão se
expor à malária por curtos períodos na Amazónia brasileira, diante da falta de
uma droga de alta eficácia e isenta de efeitos colaterais potencialmente
graves. No entanto, os viajantes que se dirigem a áreas rurais da África e cio
sudeste asiático, por exemplo, devem procurar orientação em
Em áreas endémicas de malária, a
transfusão de hemoderívados é uma modalidade de transmissão plausível, mas
raramente diagnosticada corretamente. Na Amazónia brasileira, preconiza-se que
os hemocentros empreguem exames microscópicos, como o exame de gota espessa,
para excluir portadores de infecções assintomáticas. São excluídos, durante a
entrevista, os candidatos a doador com história de malária nos últimos 12 meses
ou de febre nos últimos 30 dias, bem como aqueles provenientes de áreas com
incidência superior a 50 casos anuais de malária por 1.000 habitantes.
·
Agente Etiológico
Os agentes etiológicos da malária humana
são: Plasmodium falciparum: causa malária malígna; P. vivax: causa malária benígna;
P. malariae: causa malária benígna; P. ovale: causa malária benígna;
Critérios morfológicos, moleculares e
epidemiológicos permitem a diferenciação de diversas variantes dessas quatro
espécies; não será surpresa se algumas delas adquirirem o status de
novas espécies dentro de alguns anos.
Plasmodium falciparum predomina na
África, sendo a espécie encontrada em 80 a 90% das infecções nesse continente.
No sudeste asiático e Oceania, P.
falciparum geralmente predomina sobre P. vivax, sendo P.
malariae e P. ovale espécies
minoritárias. P. malariae
é a segunda espécie mais prevalente e a P. ovale é relativamente incomum. P. vivax inexiste na África Ocidental e é raro na África
Oriental. No subcontinente indiano, há extensas regiões de predomínio de P. vivax. Nas Américas, P. vivax tornou-se a espécie
predominante. No Brasil, onde se registra cerca da metade dos casos de malária
das Américas, P. vivax produz
quase 80% das infecções maláricas no país; as demais espécies prevalentes
são P. falciparum e P. malariae.
Muitos pacientes albergam
simultaneamente mais de uma espécie de plasmódio. No sudeste Asiático, ocorrem
infecções simultâneas com as quatro espécies de plasmódios humanos, enquanto na
Amazónia brasileira são encontradas infecções triplas. O quadro torna-se mais
complexo com a coexistência de diversas variantes geneticamente distintas
de cada espécie de plasmódio; essas variantes podem diferir entre si, por
exemplo, quanto à sua constituição antigênica, sua virulência ou seu perfil de
resistência a antimaláricos. Os parasitas presentes no mosquito instalam-se no
fígado humano após a picada e amadurecem em 2 a 4 semanas. Após esse período
invadem e destroem as células vermelhas do sangue causando os sintomas típicos
da doença.
· Morfologia
Os plasmódios apresentam características
morfológicas variadas, dependendo do estágio de desenvolvimento em que se
encontrem. As formas evolutivas extracelulares, capazes de invadir as células
do hospedeiro são os esporozoítos, os merozoítos e o oocineto. Todas elas
apresentam um complexo apical formado por roptrias e micronemas, ambas
envolvidas no processo de interiorização nas células do hospedeiro. Já as
formas intracelulares dos plasmódios compreendem os trofozoítos, os esquizontes
e os gametófitos.
Os esporozoítos são formas alongadas com
extremidades afiladas. Apresentam uma membrana externa revestida por um
material proteico, contendo a proteína circunsporozoíta, importante na
composição antigênica do plasmódio. O complexo apical, no terço anterior do
esporozoíto apresenta três formações anulares, com um par de roptrias e
inúmeros micronemas centrais. Os esporozoítos podem permanecer viáveis nas glândulas
salivares do inseto por até dois meses. O trofozoíto, na sua forma
exo-eritrocítica é arredondado, formado a partir da perda de organelas do
complexo apical dos esporozoítos, quando estes penetram no hepatócito. Após
inúmeras divisões, os trofozoítos originam o criptozoíto ou esquizonte
tissular, composto de uma massa citoplasmática e inúmeros núcleos.
A forma eritrocítica inclui os trofozoítos jovens,
maduros ou esquizontes e gametócitos. Os merozoítos, tanto os sanguíneos quanto
os pré- eritrocíticos são similares e apresentam a capacidade de invadir
hemácias. São menores e mais arredondados, mas ainda assim muito semelhantes
aos esporozoítos. São recobertos por uma caca pilosa contendo glicoproteínas e
muita moléculas de adesão que auxiliam na invasão do eritrócito.
À medida que o parasita cresce, ocorre um aumento do
seu conteúdo citoplasmático, principalmente do número de ribossomos. Ao fim da
esquizogonia eritrocitária ocorre a formação do complexo apical e de
microesferas. No interior do citoplasma da hemácia dá-se a formação de uma
estrutura denominada rosácea, com o pigmento malárico concentrado numa porção
do citoplasma. Após o rompimento da hemácia, o pigmento malárico é fagocitado
pelas células de Kupfer, no fígado ou pelos macrófagos do baço, ou outros
órgãos.
Os
trofozoítos sanguíneos originam os gametócitos. O microgameta é o gameta
masculino, uma célula flagelada originada do processo de exflagelação e formada
no estômago do mosquito. O macrogameta, ou gameta feminino, caracteriza-se por
um clone atrativo na sua superfície, local onde ocorrerá a penetração do
microgameta. O oocineto é uma forma móvel e alongada, formada a partir do
zigoto (o zigoto alonga-se e adquire motilidade). Apresenta aspecto vermiforme,
com núcleo volumoso e excêntrico. O oocineto envolve-se numa cápsula espessa e
origina o oocisto, uma estrutura esférica que apresenta em seu interior
grânulos contendo pigmentos. Nas infecções mais brandas todos os oocistos tem,
em geral, o mesmo tamanho. Nas infecções mais intensas podem apresentar
dimensões variadas. Cada oocisto pode originar em torno de 1000 esporozoítos.
· Hábitat
Os insetos responsáveis pela transmissão
natural da malária pertencem à ordem Diptera. Todos são da família Culicidae,
portanto mosquitos, do gênero Anopheles.
Ao redor do mundo se reconhecem cerca de
430 espécies agrupadas nesse gênero. Aproximadamente 40 espécies podem ser
consideradas competentes vetoras da malária, ou seja, demonstraram poder
albergar alguma das quatro espécies de Plasmodium que causam a doença
em humanos e completar seu ciclo extrínseco até a fase de esporozoito. Nem
todas as espécies de Anopheles que têm afinidade com os plasmódios são capazes
de transmiti-los ao homem. A chamada competência vetorial é apenas um dos fatores
que concorrem positivamente para que haja transmissão, que deve estar associada
a outros. A capacidade vetorial é o conjunto de características fisiológicas e
comportamentais intraespecíficas que, associadas às condições ambientais,
favorecem a transmissão natural da malária. Este conceito é fundamental para a
compreensão do papel vetor de determinada espécie de mosquito.
Os adultos das espécies anofelinas como
outros mosquitos, fazem parte de uma comunidade e esta juntamente com o
ambiente formam o habitat das espécies. Normalmente, observam-se os anofelinos
adultos em situações pontuais: freqüentemente sabe-se quando eles picam e põem
os ovos; em algumas situações, se conhecem os locais, onde se abrigam quando os
ovos estão se desenvolvendo, mas muito raramente se observou o acasalamento na
natureza. Em geral, o habitat do adulto é a paisagem onde se insere o criadouro
e sabe-se que a maioria das espécies não se dispersa muito além do sítio
larvário.
Os fatores microclimáticos são muito
importantes para a sobrevivência dos adultos, mas também na duração da
esporogonia do mosquito infectado. Os fatores bióticos, químicos, físicos e
metereológicos no ambiente são determinantes para que uma determinada espécie
anofelina tenha importância na transmissão do plasmódio.
ü Hospedeiro Intermediário (Homem): hepatócitos (fase
pré-eritrocítica) hemácias (fase eritrocítica);
ü Hospedeiro Definitivo (Anopheles): estômago e
glândulas salivares.
· Ciclo Biológico
Todos os plasmódios que infectam o homem
apresentam um ciclo vital semelhante. A infecção humana inicia-se com a
injeção, durante o repasto sanguíneo, de esporozoítos alojados nas
glândulas salivares de mosquitos fêmeas do género Anopheles.
1) FORMAÇÃO DOS CRIPTOZÓITOS: Em menos de 30 min, os
esporozoítos invadem hepatócitos, originando células arredondadas
uninucleares conhecidas como criptozoítos.
2) FORMAÇÃO DO ESQUIZONTE: Com a divisão nuclear
subsequente, forma-se uma célula multinucleada conhecida como esquizonte.
3) FORMAÇÃO DOS MEROZÓITOS: Ao final de 8 a 15
dias, o hepatócito parasitado rompe-se, liberando dezenas de milhares
de merozoítos.
t = trofozóito / em = esquizonte com merozóitos
Esquizogonia é o processo de
reprodução assexuada que resulta na formação do esquizonte, que,por sua vez,
dará origem aos merozoítos. A esquizogonia, que ocorre em hepatócitos, é
conhecida como esquizogonia hepática, tecidual, pré-eritrocitária ou
exoeritrocitária, para distingui-la dos ciclos esquizogônicos que
posteriormente ocorrem nas hemácias.
Os merozoítos invadem exclusivamente
hemácias.
P.
vivax invade
reticulócitos, enquanto P.
falciparum invade hemácias de todas as idades, ainda
que apresente preferência por hemácias jovens.
P.
vivax somente parasita
hemácias que expressam o grupo sanguíneo Duffy, que serve como ligante
para uma molécula que os merozoítos expressam em sua superfície; portanto,
indivíduos Duffy negativos (frequentemente encontrados na África Ocidental) são
refratários à infecção sanguínea por P.
vivax.
Plasmodium
falciparum utiliza diversos
receptores de eritrócitos para invadi-los; glicoforina A é o principal, mas
hemácias que expressam formas variantes ou defeituosas de glicoforina A não são
refratárias à infecção. Na superfície do merozoíto, diversas moléculas são
capazes de exercer o papel de ligantes de receptores eritrocitários; a molécula
parasitária provavelmente mais relevante nessa função é conhecida como EB A-175
(antígeno de ligação a eritrócitos, com massa molecular de 175kDa).
Os primeiros estágios
intra-eritrocitários são trofozoítos.
No interior das hemácias
ocorre nova esquizogonia; os esquizontes eritrocitários maduros apresentam
entre 6 e 32 núcleos, que darão origem a igual número de merozoítos. Ao final
da esquizogonia, os merozoítos são liberados na corrente sanguínea, coincidindo
temporalmente com os picos febris periódicos característicos da malária. O
intervalo entre os picos febris corresponde à duração da esquizogonia sanguínea
em cada espécie.
Os merozoítos que invadem novas
hemácias:
- Podem transformar-se
em trofozoítos e posteriormente em esquizontes
- Alternativamente podem diferenciar-se em formas de
reprodução sexuada, os gametócitos, infectantes para os mosquitos
vetores.
A próxima fase, conhecida como esporogonia, ocorre
no mosquito.
MICROGAMETAS E MACROGAMETAS
Os gametócitos ingeridos durante o
repasto sanguíneo, diferentemente dos demais estágios sanguíneos, não são
digeridos no estômago dos mosquitos. Em poucos minutos, o gametócito masculino
sofre a exflagelação, que resulta na formação de 6 a 8 gametas
masculinos ou microgametas, enquantoos gametócitos femininos
transformam-se em macrogametas.
ZIGOTO
O zigoto formado pela fusão de
microgametas e macrogametas transforma-se, em poucas horas, em um estágio
móvel chamado oocineto.
Ao penetrar na parede do estômago do
mosquito, o oocineto transforma-se em oocisto, uma estrutura esférica
que se aloja entre o epitélio e a membrana basal, em cujo interior se
formam esporozoítos. Com a ruptura do oocisto, milhares de
esporozoítos liberam-se e migram para as glândulas salivares dos mosquitos.
A cada repasto sanguíneo, dezenas
de esporozoítos são injetados na corrente sanguínea do hospedeiro vertebrado.
O ciclo esporogônico no mosquito dura de
10 a 17 dias. Algumas diferenças biológicas entre os plasmódios humanos, como a
presença ou não de hipnozoítos, têm relevâncias clínica e epidemiológica.
Do ponto de vista clínico, a distinção
mais importante entre P. falciparum e as demais espécies está em sua
capacidade de produzir uma doença potencialmente mais grave e de desenvolver
rapidamente resistência a diversos antimaláricos de uso corrente.
A patogenia da malária é multifatorial, mas
pode ser explicada parcialmente pela parasitemia. O P. falciparum
apresenta maior virulência, pois pode invadir eritrócitos em qualquer estágio e
produzir parasitemia de grande magnitude. Por outro lado, o P. vivax e
o P. ovale invadem apenas eritrócitos jovens e o P. malarie
invade somente eritrócitos velhos, o que torna a parasitemia dessas espécies
mais limitada.
A resposta
imune à infecção natural do parasito é inadequada. Os moradores de regiões
endêmicas, contudo, podem desenvolver semi-imunidade. Estes indivíduos não
estão protegidos contra a reinfecção, porém apresentam menor probabilidade de
desenvolver a forma grave da doença. Isto provavelmente está relacionado a uma
resposta celular ineficaz contra o parasito.
Os eritrócitos
parasitados por P. falciparum desenvolvem protuberâncias conhecidas
como knobs, as quais são formadas pela PfEM-1 (proteína da membrana do
eritrócito 1). Estas protuberâncias possibilitam a formação de rosetas a partir
da adesão entre hemácias parasitadas e não parasitadas. Além disso, os knobs
permitem a adesão do eritrócito ao endotélio a partir da ligação das PfEM-1 aos
receptores ICAM-1, trombospondina e CD36. A citoaderência gera duas
consequências: exacerba o dano microvascular produzido pelo parasita e remove P.
falciparum maduro da circulação. Pode ocorrer obstrução de pequenos
vasos com consequente hipóxia tecidual.
Moléculas do parasito, como o
glicosilfosfatidilinositol (GPI), são liberadas após a esquizogonia
eritrocitária e estimulam a produção de citocinas. A formação de citocinas é o
fator central da patogenia da malária severa. O fator de necrose tumoral (TNF)
e outras citocinas estimulam a expressão de moléculas de adesão pelo endotélio
vascular. Dessa forma, a citoaderência é facilitada promovendo alterações na
microvasculatura, obstrução, hipóxia tecidual e acidose lática. A ruptura dos
esquizontes e a inibição da eritropoiese medular pelo TNF favorecem o
desenvolvimento de anemia. Além disso, a quantidade elevada de TNF está
associada à febre e hipoglicemia. O metabolismo do parasito também contribui
para a hipoglicemia e acidose.
Assim, o
acometimento do cérebro, pulmão, rim e outros órgãos na malária grave está
relacionado com a obstrução microvascular e com as alterações metabólicas e
inflamatórias.
Sintomatologia
Os pacientes com malária em geral apresentam
febre intermitente e calafrios associados a mal-estar, cefaleia, dores
musculares e articulares, náuseas, vômitos, prostração e adinamia. Ocorre,
então, sudorese profusa e melhora progressiva do estado geral. Estes eventos
geralmente se repetem em intervalos de 48 horas em pacientes infectados com P.
vivas e P. ovale ou intervalos de 72 horas em pacientes
infectados com P. malariae. Já nos indivíduos infectados com P.
falciparum as manifestações tendem a ser mais irregulares.
Os pacientes continuamente expostos à malária
podem se tornar semi-imunes e se apresentar, durante a infecção, de forma
assintomática ou com poucos sintomas. Além das manifestações citadas,
geralmente ocorre anemia, esplenomegalia e hepatomegalia.
O coma caracteriza a malária cerebral e é a complicação
mais preocupante da infecção por P. falciparum uma vez que possui
elevada taxa de letalidade. Os adultos que se recuperam da malária cerebral em
geral não apresentam sequelas neurológicas, porém até 10% das crianças podem
ter sequelas. A malária pode apresentar um comprometimento neurológico
intermediário com sonolência e prostração que não definem malária cerebral.
Também pode ocorrer malária cerebral em infecções por P. vivax.
Pacientes com malária podem apresentar
desidratação e hipotensão que refletem na redução da perfusão renal. Este
processo favorece o desenvolvimento de insuficiência renal que é agravada pela
hemólise intravascular e consequente lesão tubular.
Edema pulmonar pode ocorrer em indivíduos com
elevada parasitemia por P. falciparum e em alguns casos de infecção
por P. vivax. A manifestação clínica é semelhante à síndrome da
angústia respiratória em adultos com dispneia, respiração superficial e rápida,
presença de sons crepitantes à ausculta pulmonar, baixos níveis sanguíneos de
oxigênio e cianose.
A diarreia é comum em crianças infectadas por P.
falciparum.
A hemólise intravascular e as alterações
funcionais dos hepatócitos causam aumento nos níveis de bilirrubina indireta e
direta que se manifesta como icterícia. Febre hemoglobinúrica associado ao uso
irregular de quinino pode quando a hemólise intravascular é intensa.
Na malária
podem ocorrer distúrbios da hemostasia como consequência de trombocitopenia,
muitas vezes associada à coagulação intravascular disseminada. As hemorragias
na retina são comuns e servem como indicador de prognóstico. A ruptura do baço
é uma complicação rara da malária.
Epidemiologia
A malária,
ainda hoje, é uma das doenças prevalentes no globo terrestre, ocorrendo em
cerca de 90 países, principalmente na faixa intertropical.
Quarenta por
cento da população mundial está sob algum risco de contrair malária. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a malária o maior problema de
saúde pública em muitos países, principalmente naqueles em desenvolvimento. Estima-se
que cerca de 300 a 500 milhões de pessoas sejam infectadas a cada ano, sendo os
países da Africa responsáveis por 90% dessas pessoas.
O homem, desde tempos históricos, vem
tentando entender os fundamentos biológicos das febres intermitentes e
desenvolvendo tratamentos empíricos variados. Ainda no século XVII, foi
descoberto por um monge espanhol no Peru que a casca da Quina, uma planta
nativa daquele país, tinha efeito supressivo sobre esse tipo de febre,
constituindo-se no primeiro tratamento etiológico da malária, que contudo, só
veio a ser efetivamente incorporado ao arsenal terapêutico da doença, no século
XX.
Na década de 50, houve uma expectativa
otimista de erradicação da malária baseada em programas de combate ao vetor,
porém este objetivo não pôde ser alcançado e a doença, progrediu, atingindo
mais pessoas hoje em todo mundo, do que naquele período. Também, o controle da
doença com base no emprego em massa de antimaláricos tem se mostrado
problemático e falho.
A vacina, uma perspectiva promissora,
embora com resultados animadores nas pesquisas iniciais, estudos subseqüentes
indicam a impossibilidade de sua utilização a curto prazo para controle da
doença.
Dentre as muitas razões para a
persistência da malária no atual nível de importância, existe uma que se
destaca – a resistência que o P. falciparum é capaz de desenvolver
aos antimaláricos utilizados habitualmente na terapêutica e profilaxia da
doença.
A resistência do P.
falciparum à cloroquina foi registrada pela primeira vez na Tailândia em
1957 e logo a seguir, em 1961, na América do Sul, inclusive no Brasil.
Atualmente, atingiu quase todas as partes do mundo e os resultados de
vários trabalhos realizados no Brasil mostram um alto grau de resistência a
este anti-malárico, fato que compromete o seu emprego, como droga de primeira
linha, no tratamento da malária por esta espécie de plasmodio. A resistência
também ocorreu rapidamente com o uso dos sulfamídicos associados à
pirimetamina e mesmo com drogas mais recentes, como a mefloquina e o
halofantrine, já foi descrita. Quanto ao quinino vários trabalhos mostram que
o P. falciparum ainda que lentamente, vem apresentando níveis
decrescentes de sensibilidade ao tratamento com esta droga em várias partes do
mundo, inclusive no Brasil.
Considerando que estudos para
monitorizar a sensibilidade do Plasmodium falciparum aos
antimaláricos são de suma importância, não só para orientar a escolha da droga
a ser empregada, como também para incitar estudos em busca de novas
alternativas, o presente trabalho objetiva conhecer a evolução da resistência
do P. falciparum ao quinino no decorrer de 12 anos, mediante análise
quadrienal da resposta parasitária e clínica em pacientes internados em
hospital de referência para doenças transmissíveis de zona não-endêmica.
Transmissão
Através da picada da fêmea do mosquito Anopheles,
infectada pelo plasmodium. Os esporozoítos, formas infectantes do parasito, são
inoculados no homem sadio através da saliva da fêmea anofelina infectante.
Esses mosquitos, ao se alimentarem em indivíduos infectados, ingerem as formas
sexuadas do parasito - gametócitos - que se reproduzem no interior do
hospedeiro invertebrado, durante 8 a 35 dias, eliminando esporozoítos, durante
a picada.
O
vetor tem hábitos alimentares nos horários crepusculares, entardecer e
amanhecer, todavia, em algumas regiões da Amazônia, apresentam-se com hábitos
noturnos, picando durante todas as horas da noite. Não há transmissão direta da
doença de pessoa a pessoa. Raramente podem ocorrer transmissões, através
transfusão de sangue infectado, uso compartilhado de seringas e, mais raro
ainda, por via congênita.
· Profilaxia
Campanhas contra endemias rurais, e contra a malária
em particular, são elementos constitutivos da saúde pública no Brasil. Desde o
início do século XX, inúmeras ações que incluíam investigação, tratamento e
profilaxia do impaludismo foram executadas pelo governo federal e por alguns
estados da federação.
Carlos Chagas, um dos próceres do sanitarismo
brasileiro da Primeira República (1889-1930), ressaltava a necessidade de rever
a abordagem dos serviços sanitários brasileiros frente à malária, marcada pela
associação entre obras de engenharia, uso de larvicidas, educação sanitária e
medicação.
Diagnóstico
clínico
Os pacientes se queixam de quadro agudo de febre
alta, calafrios, mialgia, artralgia, cefaleia intensa, astenia, tontura,
náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal. Os paroxismos característicos não
são comuns na prática diária, mas, quando observados, podem chamar a atenção,
simulando às vezes uma convulsão tônico-crônica.
Ao exame físico, que pode ser, em muitas vezes, normal,
podemos encontrar mucosas hipocoradas, hepatomegalia e esplenomegalia de
consistência diminuída e dor à palpação do abdômen. No diagnóstico
epidemiológico, deve-se considerar sempre a possibilidade da ocorrência da
doença em indivíduos que adentrem áreas endêmicas e apresentam quadro febril.
Deve-se realizar o
diagnóstico diferencial para outras doenças que também apresentam
características febris, independente do agente etiológico como influenza,
enterovírus, hepatites, enterobactérias, leptospirose, febres recorrentes,
tripanossomíase, leishmaniose, toxoplasmose, intoxicações e neoplasias.
Na malária grave as manifestações mais frequentes são
insuficiência renal aguda e a colestase hepática já em crianças, a forma mais
comum é a anemia grave. A malária grave por P. vivax, ainda que mais rara,
segue o mesmo padrão clinico descrito para as formas graves de infecção pelo P.
falciparum. A forma mais observada é a de colestase hepática.
·
Diagnóstico Laboratorial
Gota
espessa: baseia-se no achado de estágios intra-eritrocitários do parasita no
sangue periférico analisado ao microscópio óptico com a objetiva de 100x.
Possui alta sensibilidade
Esfregaço:
permite melhor diferenciação entre as espécies de plasmódios.
Testes
rápidos: fitas impregnadas com anticorpos para a detecção de antígenos do
parasita. Não necessitam de pessoas especializadas nem de equipamentos
sofisticados contudo, possui elevado custo, baixa sensibilidade e dificuldade
de diferenciar as espécies.
Quantitative
buffy coat technique (QBC): teste rápido que associa a coloração do sangue com
o corante laranja de acridina e hemocentrifugação. Possibilita rápida detecção
do parasita usando número mínimo de equipamento. Possui elevado custo e maior
sensibilidade quando comparado ao esfregaço sanguíneo.
Sorologia:
imunofluorescência e ELISA
PCR:
possui elevada sensibilidade, porém seu elevado custo e grande complexidade não
contribuem para aplicação em larga escala.
O Ministério da Saúde, por meio de uma política
nacional de tratamento da malária, orienta a terapêutica e disponibiliza
gratuitamente os medicamentos antimaláricos utilizados em todo o território
nacional, em unidades do
Sistema Único de Saúde (SUS).
Se tivéssemos de eleger um método 100% eficaz,
teríamos de referir a erradicação do mosquito Anopheles. Contudo, como
este é um objetivo
difícil de alcançar, temos de pensar em formas de prevenção. O uso de redes
contra mosquitos e de cremes repelente de insetos
são eficazes na proteção
durante o sono, altura em que geralmente ocorrem as infecções. Durante o resto
do dia é importante usar roupa que cubra a maior parte da pele, especialmente
das pernas e dos braços. De qualquer forma, apesar destas formas de prevenção,
a profilaxia antimalárica é fundamental para quem visita destinos especialmente
“perigosos”.
Conforme o exposto, a malária é uma entidade
complexa e tal característica também pode ser aplicada ao seu tratamento como o
uso de diferentes fármacos, por períodos variados. Apesar disso, o tratamento
medicamentoso é uma estratégia fundamental no combate à malária. O uso de, no
mínimo dois antimaláricos, tem como objetivo atuar em períodos distintos do
ciclo biológico do parasita, realizando associações entre gametocitocidas,
esquizonticidas teciduais e esquizonticidas sanguíneos.
Os principais agentes antimaláricos são
cloroquina, sulfato de quinina, mefloquina, primaquina, doxiciclina e
artesunato de sódio. A dose e o esquema terapêutico, além da espécie
parasitária, devem considerar peso corporal do paciente, idade, presença de
gestação e progressão da doença.
Referencial bibliográfico
Com a revisão literária
apresentada foi possível esclarecer todos os métodos diagnósticos maláricos, bem
como toda a modificação imunológica e hematológica causada pelo parasitismo do Plasmodium e seu tratamento.
Um diagnóstico rápido e preciso
é essencial para a sobrevivência do individuo parasitado, levando em
consideração que o parasitismo é intracelular, e causa alterações hematológicas
como a anemia e alterações medulares podendo levar o individuo a óbito. Seguindo
essa linha de evidencia é importante esclarecer a população de regiões endêmicas
e não endêmicas que o diagnóstico e tratamento são disponibilizados pela rede
publica de saúde gratuitamente, não havendo motivos para o não tratamento.
Referencial bibliográfico
Normas da ABNT.
Disponível em: http://www.leffa.pro.br/textos/abnt.htm. Acesso feito em 13 abr 2014.
Malária.
Disponível em: http://www.misodor.com/MALARIA.php. Acesso feito em 13 abr 2014.
Ações de
Controle da Malária. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acoes_controle_malaria_manual.pdf .Acesso feito em 14 abr 2014.
Epidemiologia da
Malária: incidência, distribuição espacial e fatores de risco em um coorte
rural amazônia. Disponível em: file:///C:/Users/Dayane/Downloads/NatalSantosdaSilva_Doutorado_Corrigida.pdf
Trabalho feito por Dayane Pereira de Castro e Raphaella Larissa Antunes Araújo
Marquez
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