16 de jul. de 2014

ANCILOSTOMÍASE


A ancilostomíase despertou a atenção do mundo, no começo do século XX, como grave problema de saúde pública e deu origem aos primeiros planos sistemáticos de controle de uma endemia em larga escala. Passou depois a ser vista como questão de menor importância quando surgiram medicamentos anti-helmínticos eficazes e o desenvolvimento econômico dos países mais ricos reduziu neles a subnutrição, melhorando ao mesmo tempo as condições habitacionais e sanitárias que tornaram as infecções residuais clinicamente assintomáticas. O problema persiste; entretanto, no terceiro mundo que deve encará-lo com realismo e agir em consequência.

Ancylostomidae se constitui numa família de helmintos, de ampla distribuição geográfica, com significativa importância clínica na etiologia da ancilostomose, doença de curso crônico mas que pode que evoluir ao óbito. A parasitose pode ocorrer em diversos mamíferos: cães, gatos e também no homem. Dentre mais de 100 espécies de Ancylostomidae descritas, as principais espécies parasitárias que provocam ancilostomose humana são: Ancylostoma duodenale, Necator americanus e Ancylostoma ceylanicum, sendo o último mais prevalente em canídeos e felídeos. Todavia pode ocorrer, acidentalmente, em humanos, uma infecção causada por Ancylostoma caninum ou por Ancylostoma braziliense e, desta forma, há a possibilidade do desenvolvimento de uma síndrome denominada larva migrans.
Apesar de possuir extensa distribuição geográfica, as espécies de Ancylostomidae possuem predominância em regiões de climas distintos. Enquanto o A. duodenale se encontra em maior proporção em áreas temperadas, o Necator americanus tem maior incidência em regiões tropicais. Já o parasitismo por parte do A. ceylanicum gera controvérsias, pois vários casos de parasitoses que poderiam ser decorrentes de infecções causadas por helmintos dessa espécie foram registrados como sendo por A. braziliense.
No Brasil, conhecido como amarelão ou opilação, a ancilostomose foi retratada no personagem Jeca Tatu, pelo escritor Monteiro Lobato, em sua obra Urupês.
As ancilostomoses humanas, geralmente negligenciadas, têm grande importância no contexto universal, pois foi estimado que cerca de 900 milhões de pessoas são parasitadas por A. duodenale e N. americanus, e que desta população, 60 mil morrem, anualmente.

HISTÓRICO

Papiros egípcios de 1.600 A.C., já assinalavam a ocorrência da Ancilostomose. Avicena, médico persa que viveu no século X da nossa era, foi o primeiro a encontrar os vermes nos intestinos de doentes e responsabilizá-los pela anemia decorrente, por serem os mesmos sugadores de sangue (hematófagos). Na Europa era a doença conhecida por Anemia dos Mineiros, tomando nomes diversos conforme o país em que era constatada. No Brasil era antigamente nomeada por Opilação, Amarelão ou Anemia Tropical. Nosso escritor Monteiro Lobato, em um de seus livros, retrata o personagem Jeca Tatu, que nada mais era que um indivíduo parasitado pelo verme, o que serviu pelo Laboratório Fontoura para a propaganda de medicamentos de sua fabricação indicados para o tratamento da doença.
Caídos no esquecimento, esses parasitos tiveram que esperar mais alguns séculos para que fossem redescobertos várias vezes e em diferentes países. Desde 1637, no Brasil, Piso, médico holandês que acompanhava o príncipe Maurício de Nassau, assinala epidemias de uma doença caracterizada por perturbações intestinais, fraqueza e uma anemia que conduzia, por vezes, à hidropsia e que era frequente entre os escravos. Cinquenta anos depois, Labat a descreve em Guadalupe, enquanto que no curso dos séculos XVIII e XIX os médicos há diagnosticaram um pouco por toda parte nos países tropicais e em certas regiões temperadas da América, da Europa e norte da África, assim como na Ásia e nas ilhas do Pacífico.
A Anemia Ancilostomótica recebeu os nomes de clorose do Egito, anemia dos mineiros, caquexia africana, anemia intertropical, amarelão e opilação; estes dois últimos no Brasil. Em 1838, Dubini encontrou o parasito nos intestinos de uma mulher falecida de pneumonia, que autopsiara em Milão.  A ele deve-se a primeira descrição detalhada do verme e o nome Ancylostoma duodenale. Tendo encontrado o parasito várias vezes nas autópsias, foi levado a fazer pesquisas sistemáticas; mas, ainda que os exames se mostrassem positivos em 20% dos casos, ele não chegou a estabelecer sua relação com a anemia, visto que a causa mortis era geralmente outra. Coube a Griessinger (1851) e a Bilharz (1853), no Egito, o mérito de associar a presença e a ação dos ancilóstomos à clorose do Egito. Wucherer (1886) e outros médicos, no Brasil, confirmaram os trabalhos de Bilharz. A partir de 1878, o diagnóstico de ancilostomíase tornou-se fácil e preciso, graças aos trabalhos de Grassi e dos irmãos Parona, na Itália, que mostraram a possibilidade de estabelecê-lo buscando os ovos do parasito nas fezes dos pacientes.

AGENTE ETIOLÓGICO


Ancylostoma duodenale e o Necator americanus são os agentes habituais da ancilostomíase humana. No Brasil predomina a infecção pelo Necator americanus; gênero Ancylostoma, porque o verme tem mais preferência por regiões mais quente. A infecção por Ancylostoma duodenale se adquire pelas vias percutânea e oral. A infecção pelo Necator americanus se adquire por via percutânea.

HOSPEDEIRO

            O homem, sendo o habitat do verme, o intestino delgado, mas nas infecções maciças podem ser encontrado até no íleo e no ceco.




SINONÍMIA

                 Amarelão, opilação, doença do Jeca Tatu.



ASPECTOS CLÍNICOS
Infecção intestinal causada por nematódeos, que pode apresentar-se assintomática, em caso de infecções leves. Em crianças com parasitismo intenso, pode ocorrer hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e mental. Com freqüência, dependendo da intensidade da infecção, acarreta anemia ferropriva.

 

MORFOLOGIA


A família Ancylostomidae (do gr. ankylos = curvo + gr. tomma = boca) é dividida em várias subfamílias, das quais apenas duas serão aqui referidas:
· Ancylostominae: espécies que apresentam dentes na margem da boca (ex.: A. duodenale e A. ceylanicum);
· Bunostominae: espécies que possuem lâminas cortantes circundando a margem da boca (ex.: N. americanus


v     Ovo: Tem aspecto arredondado ou elipsóides, com dimensões de 60µm x 40µm para A. duodenale e 70µm x 40µm para o N. americanus. Entre a casca e a massa germinativa existe um halo cristalino, característica que é comum a ambas as espécies.
  

v     Larva rabditóide: Possui vestíbulo bucal longo, com tamanho equivalente ao seu diâmetro. Apresenta apenas um vestígio de primórdio genital, sendo, por isso, pequeno e pouco visível. Presença de cutícula única.




v Larva filarióide: Apresenta cauda afilada, diferentemente da cauda talhada própria da espécie Strongyloides stercoralis. Sua bainha é constituída por uma dupla cutícula (interna e externa).                                                                  




· Ancylostoma duodenale:
Os helmintos adultos (de ambos os sexos) são cilindriformes, com extremidade anterior curvada (em forma de “c”), exibem um par de dentes ventrais na margem interna da boca e duas lancetas subventrais no fundo da cápsula bucal. Quando analisadas a fresco, tem a cor róseo-avermelhada, enquanto que, depois de fixados, assumem coloração esbranquiçada. O dimorfismo sexual é bastante evidente, sobretudo no que se refere à extremidade posterior.

Macho: Tem entre 8 e 11mm de comprimento por 400µm de largura e bolsa copuladora significativamente desenvolvida e gubernáculo evidente.



Fêmea: Nitidamente maior que o macho, possui entre 10 e 18mm de comprimento por 600µm de largura, extremidade posterior afilada e abertura genital (vulva) em seu terço posterior.



· Necator americanus

Adultos de forma cilíndrica, com a extremidade cefálica bem recurvada dorsalmente; cápsula bucal profunda, com duas lâminas cortantes, seminulares, na margem interna da boca, de situação subventral, e duas outras lâminas cortantes na margem interna, subdorsal; fundo da cápsula bucal com um dente longo, ou cone dorsal, sustentando por uma placa subdorsal e duas lancetas (dentículos), triangulares, subventrais. Espécimes de coloração róseo-avermelhada (a fresco) e esbranquiçados (após fixação).

Macho: menor do que a fêmea, medindo 5 a 9mm de comprimento por 300µm de largura; bolsa copuladora bem desenvolvida, com lobo dorsal simétrico aos dois laterais; gubernáculo ausente.

Fêmea: Maior que o macho (entre 9 e 11mm de comprimento por 350µm de largura), com abertura genital próxima ao terço anterior do corpo; extremidade posterior afilada, sem processo espiniforme terminal; ânus antes do final da cauda.




· Ancylostoma ceylanicum
Adultos de morfologia muito parecida à do A. duodenale, todavia apresenta dois pares de dentes ventrais (um par de dentes grandes e outros muito pequenos).
Macho: Tem um comprimento de 8mm por 360 µm de largura.
Fêmea: Comprimento de 10mm por 440 µm de largura.


    


·                    Ancylostoma braziliense 

            Helminto nematódeo causador de ancilostomose animal e inflamação cutânea no homem (larva migrans); é próprio de felídeos e canídeos domésticos ou silvestres. Apresenta cápsula bucal que se caracteriza por apresentar um par de dentes bem desenvolvidos. Os machos apresentam bolsa copuladora.  O adulto mede de 5 a 10 milímetros de comprimento.





            No homem, entretanto, a infecção fica limitada na maioria dos casos à inflamação da pele, chamada de "bicho-geográfico". Raramente ocorre alguma migração tecidual, não causando doença intestinal.




DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA


Os ancilostomídeos têm ampla distribuição geográfica. O A. duodenale, considerado como o ancilostoma do Velho Mundo, é predominante em regiões temperadas, embora ocorra também em regiões tropicais, onde o clima é mais temperado.
O N. americanus, conhecido como ancilostoma do Novo Mundo, ocorre em regiões tropicais, onde predominam temperaturas altas. A coexistência de ambas as espécies pode ocorrer em uma mesma localidade, mas, geralmente, uma delas sobrepuja a outra. A distribuição geográfica de A. ceylanicum, parasitando indivíduos humanos, não está totalmente esclarecida porque vários registros de identificação de adultos de Ancylostoma braziliense (parasito habitual de felídeos e canídeos), no intestino de humano, deveriam ter sido por A. ceylanicum. Casos humanos de parasitismo por A. ceylanicum foram registrados em vários países: índia, Japão, Malásia, Suriname, Indonésia, Taiwan, Tailândia, Filipinas e Brasil.

HÁBITAT

            O homem, sendo o habitat do verme o intestino delgado, mas nas infecções maciças podem ser encontrado até no íleo e no ceco.

CICLO BIOLÓGICO



Os ancilostomídeos, como muitos outros nematoides parasitos, apresentam um ciclo biológico direto, não necessitando de hospedeiros intermediários. Durante o desenvolvimento, duas fases são bem definidas: a primeira, que se desenvolve no meio exterior, é de vida livre, e a segunda, que se desenvolve no hospedeiro definitivo, obrigatoriamente de vida parasitária.
Os estágios de vida livre das três espécies de ancilostomídeos têm caracteres morfológicos distintos, e, também, diferentes comportamentos biológicos, em função as condições climáticas envolvidas.


Os ovos dos ancilostomídeos depositados pelas fêmeas (após a cópula), no intestino delgado do hospedeiro, são eliminados para o meio exterior através das fezes. No meio exterior, os ovos necessitam de um ambiente propício, principalmente boa oxigenação, alta umidade (> 90%) e temperatura elevada. São condições indispensáveis para que se processe a embrionia, formação da larva de primeiro estádio (L1), do tipo rabditóide, e sua eclosão. No ambiente, a L1 recém-eclodida, apresenta movimentos serpentiformes e se alimenta de matéria orgânica e microrganismos (por via oral), devendo, em seguida, perder a cutícula externa, após ganhar uma nova, transformando-se em larva de segundo estádio (L2), que é também do tipo rabditóide. Subsequentemente, a L2 que também tem movimentos serpentiformes e se alimenta de matéria orgânica e microrganismos, começa a produzir uma nova cutícula, internamente, que passa a ser coberta pela cutícula velha (agora cutícula externa) passando então a se transformar em larva de terceiro estádio (L3), do tipo filarióide, denominada larva infectante.
A L3, por apresentar uma cutícula externa que oblitera a cavidade bucal, não se alimenta, mas tem movimentos serpentiformes que facilitam a sua locomoção. A L3 é a única forma dos ancilostomídeos infectante para o hospedeiro. Em ambiente de boa oxigenação (os ovos não se desenvolvem no interior das fezes), umidade alta (> 90%), e temperaturas de 21 a 27°C para A. duodenale e de 27 a 32°C, para N. americanus, ocorre o desenvolvimento dos estádios de vida livre. Em tais condições, forma-se a L1 no ovo e ocorre a eclosão em 12 a 24 horas; a L1 se transforma em L2 em três a quatro dias; e a L2 muda para L3 após cinco dias.




A infecção pelos ancilostomídeos para o homem só ocorre quando as L3 (larva filarióide ou infectante) penetram ativamente, através da pele, conjuntiva e mucosas, ou passivamente, por via oral.Quando a infecção é ativa, as L3 ao contatarem o hospedeiro, são estimuladas por efeitos térmicos e químicos, iniciam o processo de penetração, escapando da cutícula externa, e, simultaneamente, ajudadas pelos seus movimentos serpentiformes, de extensão e contração, começam a produzir enzimas, semelhantes a colagenase, que facilitam o seu acesso através dos tecidos do hospedeiro. A penetração dura cerca de 30 minutos. Da pele, as larvas alcançam a circulação sanguínea e/ou linfática, e chegam ao coração, indo pelas artérias pulmonares, para os pulmões.

Atingindo os alvéolos, as larvas migram para os bronquíolos, com auxílio de seus movimentos, secreções e cílios da árvore brônquica. Dos brônquios atingem a traquéia, faringe e laringe quando, então, são ingeridas, alcançando o intestino delgado, seu hábitat final. Durante a migração pelos pulmões, que dura de dois a sete dias, a larva perde a cutícula e adquire uma nova, transformando- se em larva do quarto estádio (L4). Ao chegar no intestino delgado, após oito dias da infecção, a larva começa a exercer o parasitismo hematófago, fixando a cápsula bucal na mucosa do duodeno. A transformação da L4 em larva de quinto estádio (L5) ocorre aproximadamente 15 dias após a infecção, e a diferenciação de L5 em adultos ocorre após 30 dias da infecção. Os espécimes adultos, exercendo o hematofagismo, iniciam a cópula, seguida de postura.
O período de pré-patência, isto é, desde o momento da penetração das L3 até a eliminação dos ovos dos ancilostomídeos pelas fezes, varia entre 35 e 60 dias para A. duodenale, de 42 a 60 dias para N. americanus e de 21 a 35 dias para A. ceylanicum. Quando a penetração das L3 é por via oral, principalmente através de ingestão de alimentos ou água, as L3 perdem a cutícula externa no estômago (por ação de suco gástrico e pH) depois de dois a três dias da infecção, e migram para o intestino delgado.

A altura do duodeno, as larvas penetram na mucosa, atingindo as células de Lieberkühn, onde mudam para L4 após cerca de cinco dias da infecção. Em seguida, as larvas voltam a luz do intestino, se fixam a mucosa e iniciam o repasto sanguíneo, devendo depois mudar para L5 no transcurso de 15 dias da infecção. Com a diferenciação de L5 em adultos, a cópula tem início e os ovos logo em seguida começam a ser postos, sendo eliminados através das fezes. Quando a infecção é oral, os períodos de pré-patência para A. duodenale e N. americanus são similares aos da infecção transcutânea e para A. ceylanicum é menor: 14 a 17 dias. A infecção no homem será sempre através de L3, tendo duas vias: uma ativa e outra passiva.
Ativa: Através de estímulos físico-químicos, a larva filarióide é estimulada e começam o processo de penetração, auxiliadas por enzimas proteolíticas e por seus movimentos serpentiformes, de contração e extensão, passando ativamente pela pele, mucosas ou conjuntiva. A penetração ocorre num período de 30 minutos e, durante o processo, L3 perde a cutícula externa.
Passada a pele, as larvas ganham a circulação sanguínea (ou a linfática), chegando ao coração e, em seguida, aos pulmões. Caem na luz dos alvéolos e, com a ajuda de seus movimentos serpentiformes, dos cílios e secreções pulmonares, ascendem à árvore brônquica, atravessam a traquéia e a laringe, até chegarem à faringe e serem engolidas, atingindo, por fim, o intestino delgado. Ao longo do trajeto desenvolvido pelo pulmão, L3 perde sua cutícula e produz uma nova, passando a L4, esta, por sua vez, ao chegar no intestino fixa sua cápsula bucal na mucosa duodenal e realiza a hematofagia, oito dias após a penetração (esse estádio larval apresenta a cápsula bucal desobliterada). Quinze dias após a infecção, L4 se transforma em L5 que, após trinta dias da infecção, se convertem na forma adulta do verme. O período de pré-patência é de 35 a 60 dias para A. duodenale, 42 a 60 dias para N. americanus e entre 21 a 35 dias para A. ceylanicum.
Passiva: Quando L3 é engolida (por alimentos ou água contaminados) perde sua cutícula externa no estômago, por ação do suco gástrico e pH, após dois a três dias da infecção. Uma vez chegada ao intestino, L3 penetra a mucosa, atingindo as células de Lieberkühn (glândulas que produzem enzimas digestivas como peptidases, lípases e sacaroses), e transforma-se em L4, cinco dias após o início da infecção. Subsequentemente, L4 volta à luz intestinal estabelecendo a hematofagia e, após cerca de dez dias, converte-se em L5, que, finalmente, se diferencia na forma adulta. Nesta forma de infecção, os períodos de pré-patência são equivalentes para as espécies A. duodenale e N. americanus, enquanto que para A. ceylanicum esse período é menor (14 a 17 dias).

PATOGENIA


A ancilostomose é determinada por etiologia primária ou secundária. A causa primária está relacionada com a migração das larvas e a implantação dos parasitos adultos no intestino delgado do hospedeiro. Quanto à etiologia secundária, em razão da permanência dos parasitos no intestino delgado, vários fenômenos fisiológicos, bioquímicos e hematológicos estão associados. Estes fenômenos modulam a tendência da enfermidade em seguir, geralmente, um curso crônico.
Tão logo penetrem na pele do hospedeiro, as larvas de ancilostomídeos podem provocar, no local de penetração, lesões traumáticas, seguidas por fenômenos vasculares. Passados alguns minutos, aparecem os primeiros sinais e sintomas: uma sensação de "picada", hiperemia, prurido e edema resultante do processo inflamatório ou dermatite urticariforme. Metabólitos produzidos pelas larvas também participam do processo inflamatório.
 A intensidade das lesões está ligada ao número de larvas invasoras e da sensibilidade do hospedeiro. As lesões são mais exacerbadas nas reinfecções, tanto por reações de hipersensibilidade imediata, como retardadas. A presença de pápula eritematosa até cerca de dez dias da primoinfecção pode ser observada, mas a formação de severas pápulas, vesículas, edema, com adenopatia regional, pode ocorrer nas reinfecções. Infecções secundárias, por microrganismos, por contaminação carreada pelas larvas (provindo do material fecal) ou de outra fonte agravam ainda mais a infecção, especialmente nas reinfecções.
Quando há infecções secundárias, ocorrem também pústulas e pequenas ulcerações. As dermatites por larvas de ancilostomídeos, quando não apresentam maiores complicações, tendem a cessar após dez dias de instaladas. As lesões cutâneas são mais freqüentes por N. americanus do que por A. duodenale e A.ceylanicum. Alterações pulmonares, resultantes da passagem das larvas, são pouco usuais, embora possa ocorrer tosse de longa ou curta duração e febrícula. De fato, é o parasitismo intestinal que bem caracteriza a ancilostomose. Sinais e sintomas abdominais podem ser evidentes após a chegada dos parasitos ao intestino. Há registro de dor epigástrica, diminuição de apetite, indigestão, cólica, indisposição, náuseas, vômitos, flatulências, às vezes, podendo ocorrer diarréia sanguinolenta ou não e, menos freqüente, constipação. Estes sinais e sintomas são mais graves quando tem inicio a deposição de ovos.
A patogenia da enfermidade é diretamente proporcional ao número de parasitos presentes no intestino delgado. A anemia causada pelo intenso hematofagismo exercido pelos vermes adultos é o principal sinal de ancilostomose. O A.duodenale se destaca por exercer maior hematofagismo, podendo cada parasito adulto sugar 0,05 a 0,3ml/sangue/dia, enquanto o N. americanus suga 0,01 a 0,04ml/sangue/dia. Para A. ceylanicum, em humanos, o volume de sangue ingerido não está ainda definido, mas se sabe que é bem menor do que o praticado por N. americanus. Anemia aguda hernorrágica é extremamente rara.
Em adultos voluntários submetidos à infecção com apenas 50 L3 de A. ceylanicum ou N. americanus, por via transcutânea, ocorreram sinais e sintomas gastrintestinais, inclusive em um paciente, com N. americanus, que necessitou de tratamento com anti-helmíntico, antes de concluídos os estudos, após 40 dias da infecção.
Temos, pois, dois aspectos distintos na ancilostomose: uma fase aguda, determinada pela migração das larvas no tecido cutâneo e pulmonar e pela instalação dos vermes adultos no intestino delgado (duodeno); uma fase crônica, determinada pela presença do verme adulto que, associado à espoliação sanguínea e à deficiência nutricional irão caracterizar a fase de anemia.
A fase crônica, por sua vez, apresenta sinais e sintomas de dois tipos:
- primários: associados diretamente à atividade dos parasitos;
-secundários: decorrentes da anemia e hipoproteinemia.
Esses sinais e sintomas crônicos secundárias são os mais frequentemente vistos na ancilostomose. Deve se acrescentar que os sinais primários cessam com o tratamento (vermífugo) do paciente e que os sinais secundários desaparecem após reversão da anemia (melhoria da dieta), sem necessariamente remover os vermes. Vê-se, pois, que a ancilostomose crônica está diretamente relacionada com o estado nutricional do paciente.
A ancilostomose crônica, causando anemia por deficiência de ferro, é mais permanente em indivíduos submetidos à reinfecção, mas na primo-infecção o quadro pode persistir por muitos anos. Os ancilostomídeos A. duodenale e N. americanus têm uma longevidade média de cinco anos, mas até 18 anos de sobrevivência foi observado em voluntários infectados pelo N. americanus.
Com a instalação e persistência da anemia (microcítica e hipocrômica), da leucocitose, da eosinofilia e da baixa taxa de hemoglobina, várias mudanças fisiológicas e bioquímicas agravam o estado orgânico do hospedeiro. Além disso, as reservas de Fe e a dieta alimentar de Fe são insuficientes para suprir as perdas deste microelemento, causadas pelo hematofagismo.
Embora a hipoalbuminemia ocorra (0, lg de albumina ou 0,3ml de plasma é ingerido por 100 N. americanus/dia), esta parece estar mais associada à diminuição da capacidade de síntese de albumina pelo fígado, à perda de plasma no local da inflamação (onde se fixam os vermes) e à desnutrição.
A diminuição do apetite tem sido observada, e o apetite depravado (síndrome de pica), principalmente por geofagia (ingestão de "barro"), é um fenômeno frequente. As alterações nas funções digestivas podem ocorrer, mas estão mais relacionadas com a desnutrição.
Os ancilostomídeos se fixam a mucosa do duodeno, podendo ocorrer no jejuno e, nas infecções maciças, atingir a porção anterior do íleo. Inicialmente, provocam lesões mecânicas no local de implantação da cápsula bucal e adjacências.
O exame histológico dessa área revela: processo inflamatório, com predominância de eosinófilos íntegros e degranulados, além de neutrófilos e macrofagos; congestão, edema e minúsculas áreas de hemorragia no cório. Nas áreas lesadas, e particularmente nos tecidos contidos na cápsula bucal dos parasitos, ocorrem fragmentos de células mucíparas absortivas e inflamatórias, bem como fibrilas colágenas desintegradas e destmição de vasos. Tais evidências indicam que a presença dos vermes, associada às secreções, determinam as lesões na mucosa.
Em casos fatais por A. duodenale, os exames postmortem revelaram jejunite e jejuno-ileíte, com ulcerações, graves hemorragias, supuração, necrose, gangrena e raramente peritonite fibrino-purulenta. Na histologia foram observados: espessamento da parede do intestino com edema e inflamação, e múltiplas hemorragias petequiais na mucosa, com presença de neutrófilos e eosinófilos; no local em que os vermes se prendiam, notava-se trombose e inflamação dos vasos da submucosa.


SINTOMATOLOGIA


O quadro clínico pode variar desde a ausência de sinais e sintomas a situações de gravidade. Existem alguns fatores que contribuem para a exarcebação e exteriorização das manifestações clínicas. Conforme a predominância de um ou mais desses fatores, será determinada a exteriorização clínica da doença.  Os fatores são os seguintes: 
· espécie do agente etiológico e a carga parasitária;
· intensidade da anemia;
· idade;
· tipo de dieta habitual do hospedeiro;
· estado nutricional do paciente.
Manifestações cutâneas: ocorre nos locais onde houve a penetração das larvas através da pele.
· infecção primária: no local da penetração a pele  mostra-se eritematosa e salpicada de finas pápulas pruriginosas; 
· reinfecções: as reações são mais violentas, principalmente quando as bactérias piogênicas penetram no tecido, junto com as larvas, é possível  ocorrer uma lesão aberta dando origem ao que se denomina "coceira da terra";
· lesões urticariformes e com infiltração cutânea;
· intensa prurido no local onde houve a penetração das larvas.



Manifestações tráqueos-pulmonares: ocorre durante a migração das larvas pelos alvéolos, bronquíolos, brônquios e traquéia.
· tosse seca;
· febre baixa;
· rouquidão;
· dispnéia.
Manifestações digestivas: são resultantesdo trajeto esofagiano, a maioria desses sintomas aparecem após 3 a 4 semanas da infecção inicial, essa sintomatologia pode persistir até cerca de dois meses.
· dor localizada no hipocôndrio direito;
· diarréia intensa;
· náuseas;
· vômitos;
· febre moderada;
· mal-estar epigástrico com dor típica de úlcera;
· anemia, causada pela absorção de sangue pelo verme;
· disfagia;
· anorexia em alguns casos;
· emagrecimento;
· vontade de comer terra ou barro;
· alterações de o hábito alimentar.
Manifestações do período de estado:  nesta fase os sintomas podem surgir no curso de poucas semanas ou meses após as manifestações digestivas.
· dores epigástricas que podem ceder quando o paciente ingere comida;
· polifagia e geofagia, provavelmente devido à carência de ferro;
· obstipação ou outras irregularidades do ritmo das dejeções pode ser uma das queixas do paciente;
· abdome distendido;
· edema na face e nos MMII;
· palidez das  mucosas;
· palidez da pele;
· anemia  de longa duração;
· coração aumentado de tamanho, taquicárdico, com sopros e outras evidências de insuficiência cardíaca;
· distúrbios auditivos;
· apatia;
· astenia profunda;
· lassidão;
· depressão mental em alguns casos.
Casos graves: são causados pelo quantidade exagerada de vermes no organismo do hospedeiro.
· Enterorragia (hemorragia no intestino) maciça, necessitando de hospitalização imediata.
· Desnutrição acentuada.
· Grau de anemia avançado, que pode causar: taquicardia, sintomas de insuficiência cardíaca, crescimento e desenvolvimento deficitários. 
Obs: Quanto menor a idade do parasitado e mais pobre a sua dieta, mais intenso será o parasitismo. Em crianças é comum verificar-se baixa estatura e  peso,  aproveitamento escolar baixo e atraso no desenvolvimento psíquico. As crianças com maior freqüência exibem configurações clínicas mais graves, ainda que na vigência de carga parasitária relativamente leve, em virtude de sua menor capacidade em restaurar as perdas sanguíneas e das necessidades eletivas de proteína e de ferro em seu metabolismo.

EPIDEMIOLOGIA


Em condições naturais, a ocorrência de A. duodenale ou N. americanus em animais (especialmente em primatas inferiores) não expressa qualquer importância epidemiológica para a ancilostomose humana. Quanto aos casos humanos de ancilostomose por A. ceylanicum, a epidemiologia desta enfermidade deve assumir maior importância em regiões enzóoticas, pois a espécie, embora ocorra no homem, é um parasito de caninos e felinos.

        Indícios epidemiológicos da resposta imune na ancilostomose intestinal

 







O entendimento da epidemiologia da ancilostomose por A. duodenale ou N. americanus, requer necessariamente que se tenha conhecimento sobre os componentes da cadeia epidemiológica: parasito, transmissão, hospedeiro e ambiente. Algumas informações conhecidas merecem especial atenção:
a) A ancilostomose ocorre preferencialmente em crianças com mais de seis anos, adolescentes e em indivíduos mais velhos, independente de sexo. Neles, os parasitos podem sobreviver por até 18 anos. Nos pacientes o A. duodenale e o N. americanus produzem em média, diariamente, 22 mil e 9.000 ovos, respectivamente. A. duodenale pode ter seu desenvolvimento interrompido no hospedeiro, e o período de pré-patência alcançar mais de oito meses.
b) Na natureza, os ovos dos parasitos não se desenvolvem bem em umidade inferior a 90% e os raios ultravioletas, do sol, são letais para a embrionia. O solo arenoso, permeável, que preserva mais umidade e aeração, quando é rico em matéria orgânica, favorece bem o desenvolvimento dos estágios de vida livre, como em locais úmidos próximos ao peridomicílio. A temperatura e outro fator limitante para o desenvolvimento e a sobrevivência de ovos e larvas, por isso o A. duodenale e o N americanus têm distribuição geográfica preferencial para locais temperados e tropicais, respectivamente.
As L3 podem permanecer viáveis por várias semanas em um microambiente favorável. Já em regiões de clima semi-árido, os ancilostomídeos e outros geoelmintos não se desenvolvem no solo.
Embora muitas informações sejam conhecidas sobre a vida dos parasitos dentro e fora do hospedeiro, é imprescindível que se conheça o máximo sobre os componentes da cadeia epidemiológica quando se pretende estudar a ancilostomose em uma região ou área, com os objetivos precípuos de controlar a enfermidade. Quanto às alegações de que indivíduos da raça negra são mais resistentes a ancilostomose, têm sido contestadas, pois os resultados apresentados não têm qualquer importância epidemiológica.



Os métodos epidemiológicas com base somente nos inquéritos coprológicos indicam apenas a prevalência do helminto e não da doença. Para tal, seria necessário, além do exame de fezes, fazer-se testes sorológicos e hemograma, pois a doença (anemia) está relacionada com a deficiência nutricional e não apenas com a presença do verme. No Brasil, a ancilostomose é mais freqüente por N.americanus e sempre foi motivo de muita preocupação, até mesmo pelo célebre Monteiro Lobato quando, em 191 9, referindo-se aos dois terços da população brasileira, mencionou:
"17 milhões são caricaturas derreadas no físico e no moral pela ancilostomíase; a inteligência do amarelado atrofia-se e a triste criatura vive em soturno urupê humano, incapaz de ação, incapaz de vontade, incapaz de progresso; os escravos dos vermes; em conseqüência da escravização do homem ao verme, fez o pais em andrajosa miséria econômica, resultado natural da miséria fisiológica." Estes clamores do escritor ficaram expressos na sua célebre fiase: "O Jeca não é assim - está assim." E agora que estarmos a mais de 85 anos dos clamores de Lobato, o Brasil como está?
Os mais recentes inquéritos coprológicos feitos no Brasil, na década de 80, permitiram avaliar como ainda permanece alarmante, em algumas regiões, a presença de ancilostomídeos.

TRANSMISSÃO

A infecção por A. duodenale se estabelece, em proporções semelhantes, quando as L3 penetram tanto por via oral como transcutânea, apesar de alguns autores admitirem que a via oral é mais efetiva. Já o N. americanus assegura maior infectividade, quando as larvas penetram por via transcutânea.
A possibilidade de L3 ingeridas penetrarem na mucosa da boca, ou no epitélio da faringe e caem na corrente sanguínea completando o ciclo, via pulmonar, devidamente comprovada em N. americanus. A infecção por A.ceylanicum em indivíduos humanos (e inclusive em animais) é bem mais efetiva quando as larvas penetram por via oral.
Vale à pena ressaltar que a auto-infecção endógena não ocorre por Ancylostomidae e que as infecções pré-natal (intra-uterina) e transmamária (através da ingestão de colostro ou leite) - verificadas em canídeos domésticos, por A. caninum -, não ocorrem em humanos.

PROFILAXIA

Como forma de prevenção para as ancilostomoses, poderíamos citar as seguintes medidas sanitárias:
·         Programas de Saúde eficiente para a erradicação das parasitoses intestinais.
·         Muitos casos em uma determinada região ou área devem ser informados a Vigilância Epidemiológica para que sejam tomadas as medidas preventivas necessárias.
·         Inquérito epidemiológico para descoberta dos reservatórios da infecção.
·         Saneamento básico eficiente.
·         Melhoria do estado nutricional das populações mais carentes do país.
·         Campanha preventiva para a população de regiões endêmicas.
·         Educação sanitária da população.
·         Participação da comunidade na execução de programas.
·         Proibição de uso de fezes como adubo.
·         Campanhas para divulgar métodos de higiene para a população mais carente.
·         Intervenção do governo no ciclo vicioso pobreza-doença, que tem as suas bases estruturais fora das áreas médica e biológica.
·         Melhoras das condições sanitárias da população socioeconômica mais baixa, pois a doença tem um índice elevado nessas populações.
·         Instalação de Postos de Saúde em áreas carentes.
·         medidas gerais:
·         Evitar  construir fossas próximas a fontes de água.
·         Evitar fontes de água que possam ser contaminadas com excrementos de animais.
·         Manter sanitários limpos.
·         Evitar que as crianças entrem em contato íntimo com solo contaminado.
·         medidas individuais:
·         Não defecar nem jogar fezes no chão.
·         Não andar descalço.
·         Crianças devem estar sempre vestidas.
·         Lavar bem as roupas íntimas e de cama.
·         Ter cuidados básicos de higiene.
·         Usar instalações sanitárias adequadas.
·         Lavar as mãos antes de alimentar-se.
·         Lavar os vegetais com água potável ou fervida.
·         Deixar os vegetais crus que serão utilizados em salada durante 15 minutos em água com vinagre.
·         Proteger os alimentos das moscas.
·         Ter uma alimentação saudável e correta conforme as necessidades da idade. 
·         Lavar as mãos depois de ir ao banheiro.

DIAGNÓSTICO

Pode ser feito o diagnostico através dos seguintes exames:
·         Anamnese.
·         Exame físico.
·         Exame clínico.
·         Exames parasitológico de fezes.
·         Exame de sangue.
·         Pesquisa de sangue oculto nas fezes.
·         Estudos radiológicos.
O diagnóstico da ancilostomose pode ser analisado sob o ponto de vista coletivo ou individual. No diagnóstico epidemiológico (coletivo) observa-se o quadro geral da população. Já o diagnóstico clínico individual baseia-se na anamnese e na associação e sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais, seguidos ou não de anemia.
Em ambos os casos o diagnóstico de certeza será alcançado pelo exame parasitológico de fezes. Os exames de fezes, por método qualitativo que indica ou não presença de ovos de ancilostomídeos, são feitos pelos métodos de sedimentação espontânea (Hoffman, Pons e Janner), de sedimentação por centrifugação (Blagge cols., método de MIFC), e de flutuação (Willis). Para se avaliar o grau de infecção do paciente, usa-se o método quantitativo de Stoll, cujo resultado expressa o número de ovos dos parasitos por grama de fezes (OPG).
Os métodos utilizados para exame de fezes não permitem identificar nem o gênero ou espécies do agente etiológico da ancilostomose, pois os ovos dos ancilostomídeos são morfologicamente muito semelhantes. Em casos de constipação intestinal ou em fezes emitidas há algum tempo, torna-se necessário fazer a verifição e distinção das larvas para dirimir suspeitas de infecção pelo S. stercoralis.
Através de exame por método de coprocultura, utilizado para obtenção de L3 é possível se fazer, além do diagnóstico genérico, o específico para A. duodenale e N. americanus, e também quantificar o nível de infecção do paciente, ela contagem de L3 por grama de fezes. O método de coprocultura mais utilizado é o de Harada & Mori. O diagnóstico quantitativo e específico também pode ser feito post-mortem.
Até o presente, vários testes imunológicos, sorológicos (precipitação, hemaglutinação, fmção de complemento, difusão em gel, floculação de látex, imunofluorescência, fixação de complemento, ELISA) evidenciam reações mediadas por antígenos dos vermes, mas não têm sido utilizados na prática.
A intradermorreação, que induz uma hipersensibilidade imediata, cuja área de reação é diretamente proporcional em nível de infecção do paciente, pode ser útil numa campanha profilática. Entretanto, apresenta um grande inconveniente: dá resultados falso-positivos em indivíduos tratados.

·         Diagnóstico diferencial

            O diagnóstico diferencial deve se feito para que a Ancilostomíase não seja confundida com outras patologias com quadro clínico semelhante. Através dos exames clínico, físico, laboratoriais e estudos radiológicos o médico pode excluir essas doenças, até chegar ao diagnóstico correto. As doenças  que podem ser confundidas com a Ancilostomíase são as seguintes:
·         Duodenite.
·         Úlceras gastro-duodenais.
·         Colecistite

TRATAMENTO


A terapêutica, que também é uma medida de controle, do tipo curativo, só deve ser recomendada para indivíduos que apresentam diagnóstico parasitológico de ancilostomose, através de exame de fezes. A terapia medicamentosa, tanto individual como coletiva com base no tratamento halopático, utiliza vários antihelmínticos ou vermífugos de amplo espectro, capazes de matar diferentes espécies de helmintos, os quais são eliminados nas fezes do hospedeiros.
Atualmente, o uso de vermífugos a base de pirimidinas (pamoato de pirantel) e de benzimidazóis (mebendazol e albendazol) têm sido os mais indicados. Estes últimos são mais eficientes: O pamoato de pirantel mata os parasitos, através de bloqueio neuromuscular, por antagonismo colinérgico, provocando paralisia muscular, enquanto o mebendazol e o albendazol interferem na síntese da molécula de tubulina, causando destruição na estrutura de microtúbulos de diferentes células (provocam degeneração nas células do tegumento e do intestino do parasito).
O uso dos referidos anti-helmínticos deve ser praticado sob recomendação e orientação médica, pois os produtos apresentam certos efeitos colaterais, particularmente o alben dazol, que é contra-indicado durante a gestação (mostrou se embriotóxico e teratogênico em ratos e camundongos).
Em geral, o resultado de 50 a 500 OPG por N. americanus não provoca anemia, mas é recomendável o tratamento. Contudo, o resultado de OPG maior pode também não significar anemia. Nos EUA (Georgia), população com 13.000 OPG (infecção por cerca de 500 N. americanus) apresentava níveis de hemoglobina normal, enquanto em outra população (Mississipi), somente 25 vermes causavam anemia. Por outro lado, na India, a infecção mista (dois N. americanus e 40 A. duodenale), com 1.000 OPG, provocava anemia. Por estes exemplos, vale à pena reafirmar que a causa da anemia depende da reserva de Fe e da absorção diária deste micro elemento pelos hospedeiros.
Em certas situações, dependendo da gravidade a ancilostomose, além de uso da terapêutica medicamentosa, o paciente deve receber uma alimentação suplementar, diána, rica em proteínas e, especialmente, em Fe. O tratamento com sulfato ferros0 pode ser também indicado, dependendo do grau da anemia. Uma vez administrado um anti-helmíntico, é importante o acompanhamento laboratorial do paciente para se recomendar um segundo tratamento, após 20 dias do primeiro.
Esta conduta é preconizada porque os vermífugos não matam as larvas que estão nos pulmões e os pacientes podem contribuir para contaminação de fontes de infecção, e até mesmo se reinfectar. Mesmo diante do sucesso do tratamento medicamentoso e dietético, é imprescindível que se ensine ao paciente as medidas de controle preventivo, para que ele não venha logo em seguida a se reinfectar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

  A experiência do passado e do presente sugerem que o controle da ancilostomíase deva levar em consideração o seguinte que devemos reduzir o numero de pessoas parasitadas mediante tratamentos com anti-helmínticos periódicos e administração de sulfato ferroso, para os casos indicados. Assim os resultados esperados compreendem a eliminação das formas clínicas graves da doença (anemia e suas complicações) e a redução da poluição fecal do meio com ovos de ancilostomídeos; e, conseqüentemente,a redução da transmissão da parasitose. 
Para assegurar a eficácia na aplicação das medidas preventivas e sua continuidade no tempo, é importante que a população receba informações adequadas de como se prevenir contra esse parasita, através de um trabalho educativo.
A educação sanitária deve preceder e acompanhar todas as etapas do controle, mobilizando, motivando e organizando a participação da comunidade, com o objetivo de modificar seus hábitos higiênicos e de aceitar os tratamentos e as avaliações que forem necessárias. Ênfase especial deve ser dada ao uso de calçado, de forma constante, pelas pessoas de todas as idades.
Para que os bons resultados não sejam temporários, são necessárias medidas de saneamento (mesmo que venham a ser implantadas posteriormente às outras ações programadas). O controle da ancilostomíase deve fazer parte de uma política de saúde abrangente, integrado numa política econômica nacional voltada para o bem estar de toda a população.       Pelo que foi exposto no presente trabalho concluímos que a Ancilostomíase pode causar problemas graves nos seres humanos principalmente em jovens e sua prevenção e tratamento tem que ser o mais eficaz possível.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO


Ancilostomíase. Disponível em: http://mccorreia.com/verminose/ancilostomiase.htm
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica. DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista BRASÍLIA / DF – 2010. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf>
NEVES, David Pereira; MELO, Alan L. De, GENARO, Odair, LINARDI, Pedro M. Parasitologia humana. 9.ed. São Paulo: Atheneu, 1995.
OLIVEIRA, Fábio. ; FAGUNDES, Eduardo. ; BIAZOTTO, Gabriel. ; NEVES, Maria Francisca. ANCILOSTOMÍASE. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, 2008. Disponível em:<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/KnOys9URO6TFxcW_2013-6-14-14-56-29.pdf>.
REY, Luís. Um século de experiência no controle da ancilostomíase. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2001. Disponivel em:<http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v34n1/4320.pdf>
VINHA, C. Distribuição geográfica da ancilostomose no Brasil. Revista Brasileira de Malariologia e Doenças Tropicais, 1968.


Trabalho feito por Vanessa Lopes da Silva e Vivianne da Silva Carvalho

SLIDES ANCILOSTOMÍASE

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